Jailson era um garoto normal. Pelo menos era o que as pessoas próximas a ele imaginavam…
Certa noite, cansado das mazelas da sua miserável vida de anônimo adolescente, Jailson resolveu barbarizar. Vestiu-se de forma extravagante. Escondido, pegou as chaves do carro de seu pai e pôs-se a percorrer as ruas na madrugada.
Próximo ao cruzamento da linha férrea, Jailson avistou um bando de garotos que depredavam uma lixeira pública. Sem temer o grupo, parou o carro e saltou no meio fio. Sem proferir uma só palavra, Jailson acerou o primeiro garoto com o extintor do carro. Sem perceber o que acontecia, o segundo garoto recebeu o mesmo violento golpe na cabeça que o seu colega. Assustados, os outros garotos correram em direção a linha do trem.
De volta ao carro, Jailson rodou por mais 20 minutos. Em frente à antiga biblioteca, Jailson avistou dois rapazes negociando drogas com uma garota. Parou o carro e aproximou-se. Antes que a garota pudesse lhe oferecer uma trouxinha de maconha, Jailson já havia desferido um golpe fatal. A chave de fenda perfurou o pescoço da jovem e seu sangue jorrava. O extintor, na outra mão, já havia derrubado um dos rapazes. O outro corria assustado.
Nova ronda pelas ruas da cidade. Desta vez, já próximo do amanhecer, percebeu que uma pessoa pulava o muro de uma residência carregando consigo um aparelho de DVD. Acelerou bruscamente o carro e perseguiu o elemento que, assustado e na ânsia de fugir, tropeçou em meio à rua. O aparelho de DVD espatifou-se no asfaltou. Novamente o extintor fez uma vítima.
Jailson limpou o extintor e guardou o carro. Seus pais ainda dormiam. Vestiu seu pijama, deitou-se e adormeceu. Acordou com o grito da mãe. Respirou fundo, olhou para o porta-retrato. Na foto, seus pais no aniversário de casamento. Desceu as escadas e, ao entrar na cozinha, viu o pano-de-prato sujo de sangue. Pegou a mão de sua mãe, olhou para seu pai e disse: Foi só um corte! Deixa que eu recolho os cacos de vidro.
23.abril.2008 às 00:30
Brilhante!
23.abril.2008 às 01:00
Não demorou muito para a perícia identificar a origem da chave de fenda, a mando do pai da menina que morreu perfurada pela mesma, um político influente, corrupto e muito a fim de barbarizar.