Eu li Paulo Coelho…

1989, eu tinha 16 anos e ler não era muito a minha praia… nessa época o Heavy Metal ocupava grand parte do meu universo de interesses. Até que um dia, visitando uma livraria (nem me lembro o motivo), encontrei um livro que me chamou a atenção: Drácula, de Bram Stoker. Num ato ainda incompreensível, comprei o livro. É certo que nessa época eu curtia coisas relacionadas a Demônios e o Inferno… mais por influência do próprio Heavy Metal e por uma certa aversão aos temas divinos dado os 10 anos estudando em um colégio católico. O fato é que Drácula nada tinha de demoníaco. A obra, um clássico da literatura de língua inglesa, era narrada nos diários das personagens. Um romance no qual as fragilidades da vida humana, seus medos, suas fraquezas eram o pano de fundo para uma estória empolgante. Li Drácula em 10 ou 12 dias, algo supreendente para mim naquela época.

Em seguida, veio a fase Paulo Coelho. Sim, eu li Diário de um Mago e fiquei alucinado. Não pela qualidade do texto, que na época era o que menos importava para mim, mas pelo tema. Sim, embora Drácula não fosse o que eu esperava em termos de contato com as forças ocultas (e apesar de ter adorado o livro), Paulo Coelho também não falava sobre Demônios. Não da forma que eu queria saber, mas também produziu um efeito interessante. Diário de um Mago eu li em 5 dias. O Alquimista, sua obra posterior, li em um dia. Sim, um dia. E eu tinha 16 anos. Brida? Um dia. Fiquei viciado em ler.

Mas o interesse pelo demoníaco foi se perdendo. Os assuntos que surgiam das leituras me levaram a outras esferas. Sempre ligadas ao fantástico, conheci o Sr. J. J. Benitez. Operação Cavalo de Tróia, os 4 primeiros da série, li em questão de um mês. Logo veio Rebelião de Lúcifer, uma semana e estava lido. Na espera por novos volumes da série Cavalo de Tróia, li tudo o que pude comprar do J. J., uns 15 livros (que ainda estão na minha estante). Sempre que saia algo novo do Benitez, eu comprava e lia em uma semana. Nessas alturas, eu já tinha 19 anos.

Edgar Allan Poe, meu xará, despertou novamente o interesse pelo nefasto. ledo engado, o nefasto era sempre pano de fundo. A complexidade da vida humana em Poe é visceral. Devorei Poe. Na faculdade, Shakespeare, Oscar Wilde, George Orwell, Aldouls Huxley, Hernest Hemingway… e Poe, novamente o Poe. Li todos sem dó. Literatura Inglesa e Norte-Americana foi a única matéria na qual eu tive 10 em todos os semestres.

Um dia, o fantástico, o sobrenatural já não me despertava interesse. Não, pelo menos, no que se relacionava com o nefasto. Deixei os demônios de lado pois descobri, na época, algo que deixava Deus e o Capeta no chinelo. Física Quântica. O contato com Fritjof Capra foi avassalador. Passe a ler tudo sobre o maravilhoso mundo dos quantas. Vieram Goswami, Gleiser, Sagan, Greene… teoria das cordas se altenavam com contos de Poe, Veríssimo. Nesse ponto, eu já estava com 25 anos e lia dois ou três livros alternados. A biblioteca já começava a demandar espaço.

Dai veio a filosofia. E com a filosofia, os assuntos perderam os limites… Rawls tornou-se tema de estudo no Mestrado e todos os demais filósofos me acompanham até hoje. Mas a filosofia não tirou lugar de ninguém. Os mistérios da física quântica, a beleza de Shakespeare, o sombrio de Poe e o fantástico de J. J. ainda dançam ao meu lado. Apenas Paulo Coelho perdeu a vez…

Não foi por preconceito, apenas, como o jovem Santiago (de O Alquimista), minhas leituras não poderiam ficar “na loja de cristais a vida toda”!!!

😉 Thanks Mr. Coelho.

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3 Respostas to “Eu li Paulo Coelho…”

  1. P.Coelho Says:

    Não tem de quê jovem ex-leitor. Eu que agradeço, posto que se nunca fiz chover de verdade, fiz chover dinheiro!

  2. Fatima Says:

    Também li Paulo Coelho… Mas, depois da bosta do alquimista vi que o Paulo era apenas um escritor medíocre. Logo, voltei aos meus adorados e geniais escritores: Goethe, Poe… Depois na facul Capra e depois dele outros tantos… E, realmente a Mecânica Quântica é avassaladora!
    Dai notei que perdi um tempo danado lendo aquele livro babaca. haha

    PS:”Linkei” teu blog no meu.

  3. Fatima Says:

    Ha… Sempre curti o Vlad Tepes Dracul! Não sobre lendas bobas, mas o homem, o guerreiro, o estrategista…

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