Duas siglas andam me enchendo o saco ultimamente. ENEM e ENADE, um avalia os alunos de ensino médio e o outro os do ensino superior. Preocupadas com os resultados nos tais exames, as instituições nas quais trabalho andam a inverter o sentido da educação…
De um lado a orientação para elaborar provas, questões e atividades nos modelos do ENEM/ENADE. Vamos treinar os alunos para reconhecer o estilo de questões para obter um melhor rendimento. Até regra de três eu ando ensinando, como forma de reconhecer que não é preciso conhecer o assunto, basta “sacar” o que a questão pede e aplicar a regra de três como método infalível de obtenção de acertos…
Tá, eu sou professor… eu sou o cara na sala de aula, não sou gestor. Gestores querem resultados, que viram matrículas, que viram dinheiro… sim, o dinheiro que paga o meu salário. Eu deveria estar em consonância com os esforços para preparar nossos alunos e alunas para os exames nacionais… afinal, o objetivo último da educação é grarantir bons resultados no momento de mensurar o que um aluno de ensino médio aprendeu em 3 anos e o que o aluno de faculdade aprendeu em 3, 4 ou 5 anos… e mensurar isso em um único dia!
Eu posso estar errado, mas alguma coisa está errada. É… devo ser eu o errado. Avaliação escolar é um dos temas mais complexos, embora todo mundo, educador ou não, tenha uma opinião sobre o assunto. Opiniões das mais retrógadas às mais vanguardistas, o fato é que avaliar é tão subjetivo que a proposta de um exame nacional por si só já é surreal.
Escolas públicas e privadas, nos âmbitos do ensino médio e superior, gozam de inúmeros paradoxos. O quesito qualidade sofre uma inversão drástica quando se compara o ensino público de nível superior ao privado. O mesmo acontece quando se faz a comparação entre o ensino público de nível médio ao privado. Realidades opostas pois, em algum momento, o produto de uma se torna o público da outra.
E as disparidades regionais? Exames nacionais encaram os alunos como abstrações. “O Aluno” é uma entidade abstrata e seu desempenho é mensurado, avaliado, balizado a partir dessa abstração. Os resultados, nesse sentido, são tão abstratos quanto. Vira tudo média… alunos são todos iguais, não importa a região, condições sócio-econômicas, estrutura familiar e outros detalhes bobos… todos devem estar enquadrados no modelão “aluno”. Professores idem. Outra abstração…
As instituições que podem, correm para se adequar às regras dos exames e “produzir” resultados que as coloquem nas melhores posições. Afinal o mundo é dominado pelo sistema e o sistema “no perdona”… e para garantir o meu dinheirinho no fim do mês, eu me prostituo… dou aula de preparação para ENEM, ENADE e o que mais vier por ai… afinal eu sou multiuso… filósofo, letrado, computeiro e conhecedor de muitas facetas do conhecimento humano, eu sou o cara ideal para “alumiar” os “sem luz” abstratos que se convertem em porcentagens… e “alumio” sem dó.
Eu não concordo com ENEMs e ENADEs… mas como diz a música dos Velhas Virgens:
eu não preciso de muito dinheiro mas preciso muito de dinheiro pra torrar… pra torrar…
e assim vou vendendo minha dignidade a preço de banana, pois o mercado tá cheio. Mas isso não me impede de ficar puto com a situação. E eu fico puto… muito puto!
Se por um lado “eles” podem ditar as regras e impor modelos e exames, por outro, dentro da sala de aula, sou EU quem manda… eu faço o que “eles” querem, mas do meu jeito, ao meu modo e, como diria Raul, “dando os toques”!
Beijomeliga!
Tags: educação, enade, enem, loiras, morenas, peitudas, saco-cheio, sexo
28.julho.2010 às 19:23
Amém e um Viva à Subjetividade do nosso ‘Sistema Educacional’ (regado a propósitos descaracterizados, professores fragmenta(dores) e alunos MCdonaldizados). E a tortura? CONTINUA! … É preciso ‘sorrir e acenar’. (!?).