Olá Pessoal,
Eu fico pasmo de ver quanta asneira se fala sobre bolsa-isso, bolsa-aquilo. Não vou defender nenhum partido aqui, mas apenas refletir sobre a comodidade intelectual de muita gente que grita aos quatro ventos seus mimimis…
Primeiro, não falo de gente ignorante, que não teve acesso ao estudo. Falo de gente instruída, graduada. Gente que emite opiniões das mais superficiais possíveis. Gente que sequer sabe ao certo o que significam conceitos como: república, governo, poderes tri-partidos, democracia etc. Gente que não prestou atenção às aulas de Sociologia, Política ou Filosofia… (e aqui eu abro parênteses, é certo que há professores dessas disciplinas que tampouco sabem os significados, mas isso não isenta o cidadão… alegar ignorância não vale). Gente que acha que Política é Futebol. Vê partido político como time e, pior, apóia-se na prática do torcer contra.
Mas vamos ao que interessa: distribuição de renda.
Políticas de bolsas, seja elas qual forem, visam distribuir renda. Isso não é invenção nossa. A Bélgica, por exemplo, é pioneira nas políticas de distribuição de renda. Mas por quê distribuir renda?
Numa sociedade democrática, orientada por um modelo republicano, a riqueza produzida por um país é pública, ou seja, de todos. Mas, há um problema, essa riqueza nem sempre é dividida de forma justa entre o todo. Alguns são excluídos dessa partilha. Excluídos porque não possuem renda. Não contribuem com a produção social da riqueza. Em geral, podemos colocar essas pessoas em certas categorias: pessoas inválidas (deficiências física ou mental), crianças (ainda não trabalham) e idosos (não trabalham mais), miseráveis… opa! Eis aqui o problema.
Ninguém acha que o governo, ao usar o dinheiro público na educação das crianças, está sustentando vagabundo. Muito menos que as crianças em questão deveriam virar-se por conta própria, tipo: “quer estudar, foda-se , se vira e não venha pedir pro governo bancar você, moleque filadaputa!”
Ninguém acha que o governo, ao usar o dinheiro público na saúde dos idosos, está sustentando vagabundo. Muito menos que os idosos em questão deveriam virar-se por conta própria, tipo: “tá zicado, foda-se, dá seus pulos e não venha pedir pro governo tratar você, véio lazarento!”
Mas quando o ser é miserável, no sentido da palavra: aquele que vive na miséria, ai o discurso é o seguinte: “vagabundo, filadaputa, foda-se… você é pobre, miserável porque você quer, vai trabalhar vagabundo… vagabundo quer bolsa pra não ter que trabalhar, se vira vagabundo… tá na merda é por culpa sua!”
O Brasil tem aproximadamente 15 milhões de pessoas que vivem na linha da miséria. Miséria quer dizer que elas vivem com menos de R$ 1,00 por dia. E eu me pergunto, será que um sujeito nessa condição, escolheu estar assim?
Dai vem o classe média, com 5 carnês (casa, carro, tv de plasma, x-box e plástica da patroa) na gaveta, dizer que programas de distribuição de renda é coisa pra sustentar vagabundo! Uau!
Todos os partidos, sejam eles quais forem, implementam políticas de bolsas, pois as bolsas não são para sustentar vagabundo, elas servem para 1) distribuir renda; 2) movimentar a economia. Uma coisa não funciona sem a outra, vejamos:
O sujeito recebe bolsa-família (ou o nome que for). Usa esse dinheiro para comprar arroz. Como muita gente que antes nunca conseguiria comprar arroz agora compra, a indústria do arroz precisa aumentar sua produção, beneficiamento e distribuição, ou seja, precisa de mais mão-de-obra. Mais mão-de-obra faz com que alguém antes desempregado, consiga emprego, aumente sua renda e melhore sua condição sócio-econômica e, conseqüentemente, perca a bolsa-família.
O caminho é simples, o governo dá o dinheiro da bolsa. Esse dinheiro movimenta a economia. Parte fica como lucro para a indústria do arroz, parte volta para o governo na forma de tributos. E o cidadão vive melhor.
Ok, virão as criticas, pois tem o cara que usa o dinheiro da bolsa para comprar pinga. Ok, a lógica é a mesma, substitua indústria do arroz por indústria do álcool e a economia continua girando.
Nenhum político de nenhum partido vai acabar com as bolsas. Se você acredita em discurso político, azar o seu, mas quem manda na política é a economia e bolsa é bom para a economia!
E se bolsa é bom para a economia, é bom para todos. Mas dai você se pergunta, mas eu pago meus imposto e não recebo nada. Recebe sim peão. Você recebe educação, saneamento básico, saúde, segurança etc. Ou deveria, pois o dinheiro dos tributos (impostos) são revertidos para você em benefícios sociais. Como você é classe média, cheio de carnês para pagar, seu problema não é renda, afinal você estudou e está empregado. Bolsa é para pobre e você não é pobre.
Mas dai você vai me dizer, que educação? que segurança? que saúde? o Estado tá falido e os benefícios sociais uma bosta! Gotcha! Aqui chegamos no verdadeiro problema deste país varonil!
Impostos. Eu pago, você paga, mas e o grande industrial, paga? O classe média tem o imposto descontado na fonte, mas os grande produtores, empresários, comerciantes, banqueiros e profissionais liberais não. Eles sonegam impostos e, lembre-se, eles são os que mais ganham. Se eu tenho um salário de R$ 3.000,00, o leão vem e morde mais ou menos R$ 600,00. Mas o empresário que ganha R$ 30.000,00 sonega e, muitas vezes, não paga imposto algum!
Mas eu não vejo ninguém chamando os tubarões sonegadores de impostos de vagabundos! Vagabundo é o pobre coitado que é pobre, miserável. Ele é o vagabundo?
Você já passou fome? Morou em barraco com esgoto a céu aberto? Eu não. Do alto da comodidade de classe média que sou, parece muito fácil falar que vagabundo é quem vive de bolsa-isso, bolsa-aquilo. Agora, você reclama do caixa dois da sua empresa? Bota a boca no trombone quando sabe que seu chefe sonega imposto?
Eu não sei, mas acho que é mais fácil chutar cachorro-morto que enfrentar o pit-bull da realidade…
É isso!
29.setembro.2010 às 13:23
Sim
O marasmo do rouba mais faz, quem é rico ajuda os ricos sempre assim.
A politica ajuda o pobre superficialmente, e a carga do Governo é a classe média que dá.
Agora sobre a parte que a classe média recebe serviços, como saúde, educação e segurança os bolsistas também recebem tem gente que mora na capital e recebe bolsa.