Tudo passa… tudo muda… tudo está em constante transformação… fluxo… movimento. Ideias presentes na filosofia de Heráclito. Curiosamente Panta Rei (tudo flui) é o post mais famoso desde desconhecido blog. https://edmort.wordpress.com/2007/03/22/panta-rei/
O grande oráculo pós-moderno, o Google, coloca meu post em 2º lugar nas busca por ‘panta rei’, talvez por isso o meu blog tenha um modesto fluxo de visitantes… mas não era disso que eu queria falar hoje!
Panta Rei. Tudo flui… e eu vou fluindo… mudando, transformando, metamorfoseando-me… como diz o poeta-músico Oswaldo Montenegro
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
é em cada olhar que o ‘espelho de agora’ me devolve que me (re)conheço… nas fotos antigas que retratam aquele menino com cara de bobo, aquele adolescente rebelde-nerd-sem-causa, aquele jovem inspirado a mudar o mundo… nelas eu percebo o rio que passou. Nas águas da minha história encontro desejos não realizados, amigos perdidos… é, não foi do jeito que achei que seria.
Tudo flui… o tempo flui… a água quente do banho flui pelo corpo ainda sonolento nas manhãs frias de outono-inverno… é no banho que surgem minhas melhores ideias… é no fluxo d’água que lava a alma que meus neurônios funcionam melhor… mas assim como as gotas são absorvidas pela toalha, assim as ideias me escapam, dissipam-se com os vapores tão logo a porta se abre para o closet da realidade… tudo flui, a correnteza segue seu rumo.
Meu amigo Sócrates, não o que jogou no Corinthians, o outro, grego, sempre me dizia em nossas conversas de fim de tarde lá na minha antiga casa que uma vida não examinda não merece ser vivida. Grande Sócrates! Examinar nossas vidas é um exercício doloroso, pois tendemos a congelar os momentos fluídos de nossa existência, na ânsia de revivê-los, corrigí-los ou derretê-los… dói. Examinar a vida é compreender seu fluxo. É encontrar o equilíbrio entre a foto antiga e o espelho de agora. É compreender que o que foi, foi. O Devir, o eterno vir a ser, esse é o nosso timoneiro!
Acho que estou divagando… Panta Rei! Tudo passa, muda, flui… mudemos então o foco!
Eu sou um acadêmico. Este blog é meu subterfúgio ao formalismo e ao rigor metodológico… aqui as ideias fluem, confluem, fundem e confundem… aqui eu brinco de ser poeta, brinco de ser sério, brinco de não-ser… como acadêmico, estou em meio a um doutorado, em busca de um título, em busca de respostas acadêmicas, em busca de um salário melhor… maldito vil metal, em busca da empregabilidade… como aprendiz de filósofo (do filósofo real, não o acadêmico), estou em meio ao fluxo quântico da incerteza… incerteza de quando a porção acadêmica terá um tempo (como este) para ceder ao alter-ego subversivo que agora cata-milho neste pequeno aparato tecnológico que não funciona debaixo d’água!
Eu escrevo para mim. Escrevo para me reescrever. Escrevo para alguns poucos amigos físicos, parceiros de toda a vida, seja por sangue, seja por cerveja. Escrevo para uns poucos conhecidos que me encontraram no fluxo deste info-rio. Escrevo para aqueles que inadivertidamente caem nas águas do meu blog pelo timão do google. Escrevo para ser imortal.
Continuo divagando… continuo fluindo… meu ego me chama à realidade… meu alter-ego despede-se… divagando, devagar…
Panta Rei!
EDIT: Conheça no novo blog: www.cronicasdeumterraqueo.com.br
Tags: água, banho, cerveja, devagar, divagar, filosofias, heráclito, milho, Panta Rei, sócrates, timão
10.setembro.2011 às 18:20
realmente td flui; pena que algumas pessoas tentam impedir (não aceitando) este ritmo… mas é isto cada um no seu ritmo, às vezes nós que temos que diminuir o nosso ritmo…
bem interessante o texto.
vc consegue que eu divaga “em seus textos”… suas escritas são mui boas.
12.março.2015 às 09:06
uau! sou sua fã a partir daqui kk’ realmente fora o Google que me apresentará a você. adoro escrever, mas falo sobre amores, dores e por ai vai… mas adoro ler sobre filosóficas linhas, ainda mais agora que um trecho tão bom fora escrito nas atualidade e não por alguém que se foi a tanto tempo. agradeço por escrever e me dar este prazer te contemplar a sua forma de pensar e ser.
03.janeiro.2016 às 02:09
Sou uma dessas que inadivertidamente caiu nas águas do seu blog, por meio do timão do Google! E de fato, guiada pela sua publicação mais acessada. Tenho pesquisado e lido acerca da mudança, e Heráclito tem, sem dúvidas, pensamentos muito interessantes! Quando você mudou o foco do texto, senti como se o escritor estivesse se despindo, não só o corpo, mas a alma. As suas aflições parecem as minhas e provavelmente a de milhares de pessoas. O que podemos crer é que… Panta Rei! Sorte na sua jornada!
Muniz
25.setembro.2020 às 16:12
PANTA REI, A DIALÉTICA DO NOSSO ENCONTRO