Hacker, Cracker e Popcorn!

A mídia cinematográfica tem um grande poder informativo. Pena que em certos casos, a informação nos chegue de maneira equivocada, para não dizer tendenciosa. Veja, por exemplo, o termo Hacker. Na cultura dos desenvolvedores de programas de computadores, o hacker é um especialista em programação que busca sempre superar desafios intelectuais. Mas hacker não limita-se a isso, Eric Raymond*, guru da cibercultura, assim define o termo hacker: “Um especialista ou entusiasta de qualquer gênero”. Um hacker pode ser um engenheiro, astrônomo ou professor! Basta que dentro de sua atividade ele busque superar os desafios intelectuais que a mesma lhe impõe.

Já o cinema gosta de retratar o hacker de duas formas bastante peculiares. Ou trata-se ou do ultra-especialista em tecnologia que, seduzido pelo “lado negro da força”, se lança nas mais variadas atividades criminosas que envolvam o uso de computadores; ou do adolescente desajustado, de elevado Q.I. e com um círculo social que se limita ao seu vizinho (igualmente adolescente, desajustado e de elevado Q.I.) e seu hamster.

Essa forma estereotipada do Hacker ultrapassa as telas do cinema e passa a integrar o cotidiano dos telejornais. Não é raro assistir a um noticiário que qualifica de “hacker” um sujeito que, sem muitas habilidades em informática, se utiliza de programas prontos e técnicas rudimentares, muito mais ligadas à sua má-fé e à ingenuidade de terceiros, que a um alto conhecimento técnico. De especialista em alta tecnologia esse meliante não tem nada, mas graças à banalização do termo, hacker passou a ser sinônimo de criminoso!

Leonardo DaVinci não pensou em computadores na sua época, embora tenha sido uma das mentes mais brilhantes da humanidade, antecipando em seus projetos máquinas fantásticas para sua época, como o helicóptero. Nenhum hacker “do bem” da atualidade negaria a DaVinci o título de hacker, afinal esse é o espírito do hacker, um explorador dos limites do conhecimento. Einstein foi um hacker da Física. Pasteur um hacker da Química. Alguém duvida?

Crackers! Esse é o nome dado às pessoas que usam a tecnologia para cometer crimes. Nem sempre essas pessoas são hackers, embora isso possa acontecer. Em geral o cracker usa programas prontos e técnicas de engenharia social para enganar outras pessoas e conseguir acesso a sistemas de computadores. É comum hoje em dia receber emails falsos que pedem para você confirmar dados bancários na tentativa de roubar senhas de contas bancárias. Por trás desses emails encontram-se pessoas que na maioria das vezes sequer sabem programar. Usando programas prontos que circulam pela internet, seu único “mérito” é explorar a ingenuidade do usuário comum.

Na próxima vez que você ouvir uma chamada sobre a prisão de um hacker no noticiário da telinha, pegue sua pipoca e divirta-se, pois dificilmente veremos os telejornais livrarem-se da influência da telona.

* Eric Raymond é editor do The Jargon File:
http://www.catb.org/jargon/html/index.html
 
** publicada inicialmente em 2007 para o site do Senac de Sorocaba, e ainda atual!

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