Archive for the ‘crônicas’ Category

Apenas uma crônica.

28.dezembro.2011

Ao lado da biblioteca municipal há um parque, desses que pais e mães levam seus filhos para brincar. Roda-roda, balanços e até uma centopeia estão à disposição dos pequenos. Eu sentei-me num dos bancos, mas o sol de dez horas começou a incomodar-me. Avistei, bem ao centro do parque, vários bancos sob uma frondosa árvore. Não sei dizer que árvore era aquela, não entendo nada de árvores.

Não havia crianças. Num dos bancos, próximo ao lago, um casal se pôs a conversar. Entre uma crônica e outra, meu olhar se perdia no horizonte. Ao fundo, o som dos carros que trafegavam na avenida. Próximo a mim, o canto de um ou outro pássaro. Na verdade, tratava-se mais de seus piares que de seus cantos, mas, assim como de árvores, nada entendo de pássaros.

Eis que, mesmo sob aquela caridosa árvore, os raios solares das onze horas começavam a fritar minhas pernas. Troquei de banco. Nele havia um par de chaves, soltas e esquecidas, propositalmente ou não, sobre a madeira. Recolhi as chaves e busquei outro banco, visto que aquele apresentava demasiadas marcas deixadas pelas aves que lá gorjeavam.

Durante não mais que cinco minutos, fiquei confabulando que portas aquelas misteriosas chaves abririam ou, talvez, quais segredos escondiam. Retomei o livro de crônicas e pus-me a rir feito tonto com uma delas, de Ignácio de Loyola Brandão, a que tratava do caso das calcinhas no cinema… imaginei a cena no cinema do shopping, seria hilário.

Um casal de patos resolveu dar o ar da graça, ou seria uma dupla? Sei lá, também não entendo nada sobre patos. Me olharam de soslaio, atraídos pelas minhas risadas talvez. Talvez pensaram que eu lá teria um pedaço de pão ou algo que o valha. Continuei a ler e eles, o casal ou dupla, foram patear por outras bandas.

Já era quase meio-dia. Fechei o livro, olhei novamente ao meu redor e, com aquele par de chaves nas mãos, segui o caminho até onde havia deixado o carro estacionado. Próximo ao lago, imaginado o passado daquelas chaves, resolvi dar-lhes um destino. Enquanto dizia ao vento “que esta sirva para fechar o ano que se finda e esta outra me abra novos caminhos para o ano que se inicia”, lancei ambas nas águas do lago.

😉

café com cão!

16.abril.2009

Todas as manhãs, ou quase todas, preparo o café da manhã. Básico. O café fica por conta da cafeteira elétrica, apenas coloco as medidas de pó e água e aperto o botão liga. Enquanto a cafeteira trabalha, vou à padaria, que fica cerca de 200m de casa. Compro pão. Sempre levo moedas, pois o pão nunca passa de R$ 1,30. Quando volto para casa, o café já está pronto. Arrumo a mesa e acordo a patroinha.

Durante o café, assisto ao jornal. Primeiro o Bom Dia São Paulo e depois o Bom Dia Brasil. A manchete de hoje era a violência nos trens do Rio de Janeiro. Pessoas sendo agredidas e até chicoteadas para “espreme-las” nos trens. Barbárie total. Entre uma mastigada e outra no meu pão com manteiga, ouço os comentários “lugar-comum” dos âncoras. Entre um gole e outro de café, vejo os relatos indignados da população e até o depoimento do operador de câmera que flagrou a violência. Os agressores eram funcionários da empresa que administra o sistema ferroviário e um policial militar. Os agredidos, a população a caminho do trabalho. Quando a reportagem terminou eu já estava no segundo pãozinho. Daí vem o futebol, hora em que eu desligo a tv.

Durante o trajeto para a universidade minha mente entreteve-se com a condição humana. Século XXI e pessoas são chicoteadas para “caber no trem”. Isso não me espanta. Assim como a Montaigne, o humano não me espanta mais. Já tem um tempo que a descrença no poder da nossa racionalidade habita o meu ser.

Paro no último farol antes de chegar a universidade. Absorto em meus devaneios, vejo uma cena inusitada. Um vira-latas, desses bem sem-vergonha, todo estrupiado vem pela calçada, desce a guia rebaixada bem em frente a faixa de pedestres, atravessa a avenida pela faixa, sobe a guia do outro lado e segue pela calçada feliz e contente na sua condição de vira-latas. Algum romântico diria: “Olha só o cão, mais civilizado que o homem!”. Eu não sou um romântico. Bom, na verdade sou, mas daqueles já um tanto quanto azedos.

O fato do cão vira-latas ter atravessado a rua na faixa de pedestres enquanto o sinal estava fechado para os motoristas não tem um grande significado. Não há uma mensagem por trás desse ato. Na verdade, eu nem teria notado o fato se o pendrive com os mp3 do Kiss estivesse no rádio, pois eu estaria cantando e batucando no volante feito o tonto que sou quando ouço Kiss no carro. E, se num exercício mental, fosse possível a um cão, vira-latas ou não, escolher entre a sua condição canina e a condição humana, aposto que o cão desejaria ser humano. Demasiado humano!

Porcentagem…

26.fevereiro.2009

Lá estou eu em uma dessas lojas de departamentos acompanhando a patroinha. Enquanto a dona da pensão circula pelas ofertas da área feminina, eu perambulo pelo setor masculino apenas por perambular… e, eis que:

– O sr. já tem cartão Riachuello?

– Humm, minha esposa tem, obrigado.

– Mas vamos fazer um cartão no seu nome, assim o sr. não depende do cartão dela e ela ainda ganha 10% de desconto na anuidade!

– Err.. não tem necessidade, afinal o cartão é do casal… obrigado.

– Mas economizará 10% na anuidade do cartão dela. Não vai aproveitar essa vantagem?

– Ahmm… Vantagem?!

– Sim sr., com o cartão adicional no seu nome, a anuidade do cartão da sua esposa tem 10% de desconto. O sr. não gosta de economizar?

– Você acha isso uma vantagem?!

– Sim, claro. O sr. ainda não entendeu que ao pedir um cartão adicional no seu nome, estará economizando 10% na anuidade do cartão de sua esposa?

– Olha, quem não entendeu ainda é você. Pois o que você está me oferecendo é 90% de acréscimo nas minhas despesas com o cartão desta loja!

– Não sr., estou oferecendo desconto de 10% na anuidade do cartão de sua esposa!

– Ah, sim. Me diga, o meu cartão adicional tem anuidade?

– Sim sr., mas o de sua esposa gozará de 10% de desconto na anuidade.

– Então, vejamos, para ter 10% de desconto num cartão eu preciso pagar 100% de uma segunda anuidade. E você acha isso vantajoso?

– Sim, sr. Vamos  fazer o seu cartão para que a sua esposa tenha 10% de desconto na anuidade do cartão dela?

– Não, obrigdo.

– Vai perder os 10% de desconto sr.?

– Não, vou evitar os 90% de acréscimo.

– Mas sr., não é acréscimo..

– Ok, mesmo assim, eu NÃO QUERO, OBRIGADO!

Haja saco!

Fragmentos…

08.outubro.2008

Olhou ao redor. O quarto recebia os primeiros raios de sol naquela fria manhã de inverno. No canto, próximo à cama, o corpo amarrado tremia silenciosamente. No ar, o cheiro de lavanda espalhava-se preguiçosamente. No chão, os cacos do frasco ainda tilintavam. Voltou-se para ela. O tremor agora era imperceptível. Abaixou-se lentamente, descobriu-lhe os cabelos da face. Os olhos marejados refletiam o pavor daquela imagem… “Tenha uma boa morte”, foram as últimas palavras que reverberaram naquele quarto. Enquanto descia as escadas, pode ouvir os gemidos abafados pela mordaça. Ao dobrar a esquina, virou-se. A coluna de fumaça já se fazia ver. Ouviu latidos. O cheiro de carne assada já se fazia sentir.

A Torta

12.maio.2008

Os anos 80 tinham ficado para trás. Os anos 90 apenas engatinhavam, mas traziam consigo o fim da adolescência e o início de uma nunca atingida maturidade. Em meio a essa atmosfera, embuídos de muita vontade e algumas idéias na cabeça, aqueles garotos, digo, jovens, buscavam seu lugar ao sol numa, digamos, joint-venture no ramo de video-produções.

O local era uma quase-chácara. Na verdade, tratava-se de uma das poucas que ainda não haviam sido engolidas pela expansão do mercado imobiliário, e configurava-se como um pequeno recanto verde em pleno centro da cidade (ou bastante próximo dele). O casarão era usado para fins exclusivamente comerciais. Aqueles jovens, embora não fossem os proprietários, utilizavam o espaço com ampla liberdade. No pouco tempo em que a joint-venture existiu, muitas risadas foram dadas…

Num sábado ensolarado, os jovens lá estavam, no casarão, a planejar, testar, fuçar… próximo da hora do almoço, a fome se instalou. Alguém sugeriu tortas. Sim, deliciosas e suculentas tortas caseiras que poderiam chegar as mãos e estômagos daqueles jovens famintos com uma simples chamada telefônica!

A ligação se completou. Menus esclarecidos, valores calculados, pedidos anotados… agora era esperar a entrega das tortas. Os jovens puseram-se em polvorosa ao ouvir o som da buzina da moto do entregador. Uma, duas, três sacolas em mãos e…

– Gelada? Como assim, gelada?

– É porra! A torta tá gelada!

– Gelada o caralhos, tá CONgelada!

– Pulta queos parola…

– Porra! Torta congelada?! Ah não…

– Ei, perai, quando eu pedi antes veio quentinha…

– E agora?

O casarão não tinha microondas. O fogão! Banho-maria… mas não havia panelas suficientes… o aquecimento seria em turnos… confusão… caras amarradas… desculpas esfarrapadas… e fome, muita fome…

As tortas naufragaram… o banho-maria… não sabe-se dizer se foi o vapor, os cristais de gelo, a incompetência culinária… mas as primeiras tortas alagaram-se… quentes, mais molhadas, demasiado molhadas… ódio… raiva… as restantes voaram feitos discos alienígenas em meio ao matagal.

No ponto de ônibus, todos me silêncio.

Aquele dia não comportava mais risadas…

The boy behind the mask!

22.abril.2008

Jailson era um garoto normal. Pelo menos era o que as pessoas próximas a ele imaginavam…

Certa noite, cansado das mazelas da sua miserável vida de anônimo adolescente, Jailson resolveu barbarizar. Vestiu-se de forma extravagante. Escondido, pegou as chaves do carro de seu pai e pôs-se a percorrer as ruas na madrugada.

Próximo ao cruzamento da linha férrea, Jailson avistou um bando de garotos que depredavam uma lixeira pública. Sem temer o grupo, parou o carro e saltou no meio fio. Sem proferir uma só palavra, Jailson acerou o primeiro garoto com o extintor do carro. Sem perceber o que acontecia, o segundo garoto recebeu o mesmo violento golpe na cabeça que o seu colega. Assustados, os outros garotos correram em direção a linha do trem.

De volta ao carro, Jailson rodou por mais 20 minutos. Em frente à antiga biblioteca, Jailson avistou dois rapazes negociando drogas com uma garota. Parou o carro e aproximou-se. Antes que a garota pudesse lhe oferecer uma trouxinha de maconha, Jailson já havia desferido um golpe fatal. A chave de fenda perfurou o pescoço da jovem e seu sangue jorrava. O extintor, na outra mão, já havia derrubado um dos rapazes. O outro corria assustado.

Nova ronda pelas ruas da cidade. Desta vez, já próximo do amanhecer, percebeu que uma pessoa pulava o muro de uma residência carregando consigo um aparelho de DVD. Acelerou bruscamente o carro e perseguiu o elemento que, assustado e na ânsia de fugir, tropeçou em meio à rua. O aparelho de DVD espatifou-se no asfaltou. Novamente o extintor fez uma vítima.

Jailson limpou o extintor e guardou o carro. Seus pais ainda dormiam. Vestiu seu pijama, deitou-se e adormeceu. Acordou com o grito da mãe. Respirou fundo, olhou para o porta-retrato. Na foto, seus pais no aniversário de casamento. Desceu as escadas e, ao entrar na cozinha, viu o pano-de-prato sujo de sangue. Pegou a mão de sua mãe, olhou para seu pai e disse: Foi só um corte! Deixa que eu recolho os cacos de vidro.

Sexta-Feira

07.dezembro.2007

18h30. Andava pelas ruas sem prestar atenção ao caminho. Sua mente absorvia todos os estímulos, mas não se detinha em nada. As luzes dos postes e dos letreiros gradativamente tomavam o lugar do sol, que perdia sua intensidade no horizonte. O burburinho das vozes, do trânsito, dos passos apressados de tantos outros foram abafados pelo silêncio. Outra lágrima escapou-lhe, entretanto… pela primeira vez na vida, sentia-se livre… como um pássaro.

18h14. O celular tocou. Londres. Yes Sir. By the way, FUCK YOU! Yes… fuck all of you. Bye. Jogou o celular numa lixeira. Na seguinte, jogou a gravata. Noutra, a caixa de sapatos.

18h00. Parou em frente à pedinte. Solteira, três filhos, um doente. Precisava de remédios, não conseguia emprego. Deus lhe pague moço, deus lhe pague.

17h45. A última gaveta estava vazia agora. A caixa de sapatos transformara-se no esquife dos dez anos vividos ali. Umas poucas canetas, agendas de contatos, a foto da confraternização de 99. Os papéis não fez questão de levar. Dez anos de produção e em breve serão reciclados.

17h05. À merda! Fodam-se todos. Malditos miseráveis… o tremor das mãos eclodiu junto ao suor e a pálidez dos lábios. Uma lágrima desceu-lhe o rosto.

16h13. Eu? Demitido! Pareceu-lhe que o estômago fora socado violentamente. O chefe, no canto da sala, resumiu-se: Recolhas suas coisas.

15h05. Fechado! O sorriso não lhe cabia no rosto. Após 3 meses de árdua negociação, estava fechado. Eu sabia que você conseguiria. Ela beijou-lhe a testa e deixou cair outra lágrima.

13h15. Ligou para os Ingleses? O chefe andava impaciente. Conto com você! Não me desaponte campeão.

12h00. Podemos ir ao caribe. Ela sorriu, iremos então. Eu te amo. Ela deixou cair uma lágrima.

10h30. Cruzou com ela no corredor. Perdi a hora. Dormiu demais! Seu cabelo ainda úmido exalava o perfume do xampu. Seu olhar dizia que algo mais se perderia…

9h10. Hoje não. Ele não suportaria. Vista-se logo, estamos atrasados. Hoje sim, entendeu? Viu minha gravata?

8h00. Bom dia. Olá. Tudo bom? Bom dia. Tudo bom! Bom dia.

5h34. Acordou assustado. No sonho, voava. Sem asas, mas voava. Voava livre… como um pássaro.

Warning

02.outubro.2007

SYSTEM FAILURE

reboot my system, please!

Binary Land – Gênese

10.maio.2007

No início havia o nada.

“Que haja o bit”, e o bit se fez, dividindo o nada em 0 e 1.

“Não é bom que o bit esteja só”, e o byte cresceu e se multiplicou. (Sagrado Arquivo, setor 11, cluster 1011)

Como em todos os povos, os habitantes de Binary Land também têm seus deuses e seus mitos. A origem dos bits encontra-se registrada no Grande Disquete. Desde tempos imemoriáveis, apenas os criptobits, sacerdotes da Ordem do Sagrado Arquivo, têm permissão de leitura no Grande Disquete.

Binary Land é uma sociedade de classes. Os bits formam a base da pirâmide social de Binary Land, seguidos pelos bytes, kilobytes, megabytes e gigabytes. A ascensão de um bit as camadas superiores da sociedade só é permitida pela vontade do Supremo S.O. Dizem os registro do Grande Disquete que o Supremo S.O. é o criador de todos os bits e que nada acontece em Binary land que não seja a manifestação de sua suprema vontade. Mas nem todos em Binary Land acreditam nos registros sagrados.

Silenciosamente, na periferia dos bancos de memória existe um grupo de rebeldes. xBiT é o lider de um cluster de bits que questiona o poder supremo do Supremo S.O. Rebeldes que buscam sua liberdade e o fim da opressão das classes apoiados em antigos registros encontrados em fragmentos .CHK, tais fragmentos registram a existência do Usuário, uma figura mitológica ridicularizada pela Ordem do Sagrado Arquivo. Mas a espernça de uma  Binary Land livre da opressão do Supremo S.O. e a crença no Usuário levará xBiT e seus amigos a uma aventura jamais registrada nos bancos de dados de Binary Land. Uma revolução se aproxima…

(continua)

Matem o mensageiro.

18.abril.2007

 

Geraldo, garoto de seus quinze anos, matreiro, metido a esperto, trabalhava como office-boy desde os treze anos num escritório, sua mãe, para se livrar do moleque, lhe arrumara o emprego, entrava as oito, saía às dezessete, gostava de Punk-Rock e era virgem.

 

Geraldo morava em uma casa simples, dois quartos, um da mãe, outro dele, ambos pequenos, forro desabando e paredes mofadas, infiltração. No dele, um colchão e uma cômoda com tijolos a fazer de pés, no dela, uma cama velha e um pequeno armário, espelho pela metade, sujo.

 

Geraldo gostava de Marcele, menina bonita, quatorze anos, meiga, freqüentavam a mesma escola, sentava-se ao lado dele, ajudava com matemática, ela a ele, tinha dois irmão maiores e vivia com os pais duas ruas abaixo, rua asfaltada.

 

Geraldo ouvira falar de Mathias, marmanjo que rondava o bairro, vendia crack, olhava os carros no domingo defronte a igreja Quadrangular, recebia gorjeta, gastava naquilo que vendia, na venda, não tinha lucro, não viveria até os vinte.

 

Geraldo caminhava do serviço para casa, dezessete e quinze, a caminhada era leve, mas o calor de janeiro não, encontrou Gerônimo, garoto da rua, ouviu que Marcele fugira de casa, perto do meio-dia, com Mathias, mais detalhes, ninguém os tinha.

 

Geraldo correu, para onde, não sabia, correu sem se preocupar com mais nada, Marcele se fora, Mathias a roubara dele, as lágrimas escorriam e saltavam de seu rosto, iam de encontro ao solo, os dentes pressionavam o lábio inferior, o gosto de sangue, metálico, se fazia sentir.

Geraldo parou, Ronaldo, amigo de escola, sentava-se atrás de Marcele, dizia trazer um recado dela a ele, o coração gelou, o punho cerrou, o soco, certeiro, atingiu Ronaldo na têmpora, o corpo caiu inerte, o punho doía, o coração não.

 

Geraldo foi preso, mãe aos choros na delegacia, Gerônimo chorava também, olhar perdido, pensamentos ausentes, na cela ao lado, Mathias, preso noite passada, vendera crack a um policial, Marcele, em casa, chorava, perdera não um, mas dois, amigos.

Gerônimo, em seu quarto, dias depois, pensava nos conselhos do avô, pare de inventar estórias, dizia o avô, um dia isso ainda acaba mal.

Publicada pela primeira vez no Fatec10.