Archive for the ‘Reflexões’ Category

2010… faremos contato?

06.janeiro.2010

Saudações leitores! 2010 chegou.

Em 1984 eu tinha 11 anos e essa tenra idade não me permitiu compreender porra nenhuma de 2010 – O ano que faremos contato. O filme é uma sequência de 2001 – Uma odisseia no espaço, que eu assisti depois do 2010… muito tempo depois, já com os neurônios melhor paramentados, conferi 2001 e 2010 em sequência. Mas não vou discutir os filmes em si…

2010 está ai. Nenhum ET. Nenhuma forma de vida alienígena, boa ou má. Somos apenas nós. Nenhuma viagem interplanetária, nem colônias em Marte e, muito menos, computadores HAL 9000.

2010 começou matando muita gente, pelo menos em Angra dos Reis. Fúria da natureza? Aquecimento global? Eu aposto numa simples tragédia. Deslizamentos de terra acontecem desde que o planeta esfriou. Triste, mas verdadeiro.

2010 é mais do mesmo. Centenas de novos modelos de celulares serão vendidos. Seremos apresentados às novas embalagens de praticamente todos os mesmos produtos que compramos em 2009. A TV aberta exibirá todos os filmes que foram sucesso em 2006…

2010 teremos copa do mundo, o grande anestésico mental, principalmente dos brasileiros. Teremos eleições e… já falei que em 2010 tem copa do mundo? Ah…

2010 é o ano da virada. Ouvi isso de várias pessoas. Sei… 2009 não deu pra “virar”, mas 2010 é o ano… mas eu acredito, como diz meu post mais lido: Panta Rei!

2010 será melhor que 2009. Sim, eu sou um otimista moderado. Estamos melhor que a década passada, que o século passado, que o milênio passado. Apesar de tudo, estamos melhores, na média. Sei que há quem viva na merda, mas com celular. Sei que há quem passa fome, mas verá BBB 2010. Contradições são inerentes ao ser humano, nisso 2010 não será diferente.

2010 está ai. Viva-o.

Um abraço,

Eddie Death

Criacionismo…

26.novembro.2009

Me pediram para escrever sobre criacionismo… vamos lá:

Criacionismo tem a ver com aqueles e aquelas que defendem a ideia de que tudo o que existe, do universo ao homem, foi criado por uma ou mais entidades que, na falta de um nome melhor, denomina-se deus, ou deuses.

De modo geral, todos os povos, da antiguidade aos contemporâneos, possuem mitos de criação. Creditar a origem de tudo que nos cerca, e de nós mesmos, a alguma entidade metafísica é uma característica comum às diversas culturas, mas o comum para por ai, pois quando olhamos para como cada cultura descreve seu mito de criação, as coisas ficam meio nebulosas…

Nós, herdeiros da tradição judaico-cristã, aceitamos sem grandes ponderações os conceitos que nos foram legados. Paraíso, adão e eva, pecado original etc. Mas e outros povos? Vejamos:

Segundo a mitologia iorubá, no início dos tempos havia dois mundos: Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que seria dos homens, feito apenas de caos e água. Por ordem de Olorum, o deus supremo, o orixá Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça com ingredientes especiais, entre eles a terra escura que jogaria sobre o oceano para garantir morada e sustento aos homens. Para a tradição religiosa chinesa, o caos inicial era como um ovo no qual entraram em equilíbrio os princípios opostos, yin e yang. Desse equilíbrio nasceu Pangu, gigante de cujo corpo se formou a água, a terra e o Sol. (http://super.abril.com.br/religiao/criacao-mundo-447670.shtml)

Bom, eu não vou levantar aqui todos os mitos de criação. Os exemplos acima já bastam para entender que cada povo, cada cultura, descreve a origem das coisas de forma totalmente condicionada por própria cultura e história.

Assim, pensando o contexto do povo hebreu e sua mitologia criacionista, a ideia de um único deus criador faz sentido visto tratar-se de um povo tribal, com uma rígida hierarquia social. Também faz sentido um deus masculino, mandão e bravo, visto tratar-se de uma sociedade patriarcal. O mesmo não acontece com os Celtas, cuja divindade é feminina, visto que nas sociedades Celtas as mulheres gozavam de melhor reconhecimento.

A grande questão que nos vem neste momento é: qual é o mito correto? Nenhum é a melhor resposta. Aliás, aquilo que uma cultura considera religião, outra considera mito e vice-versa. Os deuses gregos são para os crentes de fé judaico-cristã meras alegorias, assim como Javé e Jesus não passam de mitos para os hindus… compreendeu, né?!

Desnecessário dizer que para um ateu como eu, tudo não passa de alegoria. Mas para quem foi criado numa cultura religiosa X ou Y, incorporar seus mitos de criação faz parte do “catecismo”. E tais mitos não são questionados obviamente, pois a religião estabelece dogmas. Pouco importa o que as outras culturas tem a dizer sobre seus deuses e mitos, menos ainda a ciência com suas observações e experimentos.

Por mais estranho que pareça Adão e Eva, cristãos dificilmente abnegarão de seus mitos. Podem no máximo não levar a interpretação ao pé-da-letra, mas ainda assim defenderão a ideia de um deus que “cospe na terra, modela o barro e assopra o bonequinho”, mesmo que isso venha numa roupagem mais moderninha como o design inteligente.

Eu não vou nem levantar aqui as contradições que o mito judaico-cristão de Adão e Eva apresenta. São tantas que se eu insistir muito, logo aparece uma horda de tochas em punho para queimar o herege que vos escreve…

Em suma, os criacionistas tem como argumento os seus mitos de criação. Claro, com já disse acima, que cada um defende o “seu mito” como verdade suprema…

A ciência também tem seus mitos. O Big Bang é uma teoria. Parte de pressupostos científicos que podem ser medidos em certos limites. O mesmo eu posso dizer do Evolucionismo. Eu prefiro os mitos científicos e vivo bem com a ideia da grande sopa inicial e da seleção natural. Sabe por que? Porque os mitos científicos conseguem abandonar suas teorias tacanhas quando novos dados ou fatos se apresentam. As teorias científicas incorporam o novo e deixam a porta sempre aberta a novas especulações. As religiões, por sua vez, cristalizam-se, fecham-se e, mesmo diante de um mundo completamente novo, insistem em cerrar os olhos e acorrentar-se à imutabilidade de seus mitos. Uns chamam isso de “tradição”, eu chamo de “preguiça intelectual”!

Eu tenho muito mais coisa a dizer, mas o momento não me permite a fluidez da digitação… quem sabe em outro momento volto para falar mais sobre o criacionismo…

Por hoje é só!

O sentido da vida…

23.outubro.2009

Hoje proferi uma palestra para professores e professoras sobre o uso das tecnologias na educação. Foi muito produtiva. Público atento e participativo. Aplausos e agradecimentos. Sai da universidade contente.

Prazer é o sentido da vida. Aquela sensação gostosa de estar feliz, contente, satisfeito ou realizado. Não há nada além disso. Todo o resto é meio, é processo, é uma forma de atingir o prazer. Prazer de comer bem, de ser amado, de se sentir bonita, de não fazer nada, de cumprir uma meta, um objetivo. Prazer de jogar conversa fora com amigos, de pisar descalço na areia da praia, de tomar sorvete com 5 tipos de coberturas; de dormir a tarde toda, de fazer sexo no sofá da sala.

Tem gente que gosta de sofrer. Até sente prazer nisso. Não admite, mas gosta de sofrer. Enfim, prazer. Arruma encrenca com os outros, xinga, ofende, se maltrata, se priva de tudo o que eu escrevi no parágrafo acima. Reclama, mas no fundo, –lá no fundinho– gosta e, em última instãncia, busca o sofrimento que o enche de prazer. Vá entender!

Os momentos nos quais mais me aproximo do sentido da vida são justamente aqueles que me provocam prazer. É isso que me motiva. Quando fazemos o que fazemos com (e por prazer), vira sublime. Do sexo ao origami, do trabalho ao churrasco, o importante é ter prazer, não importa por onde!

Assim, caro leitor, seja lá o que você for fazer hoje, faça com prazer e aprecie desmoderadamente o teu momento.

🙂

Dia do Professor

14.outubro.2009

15 de outubro

Não foi planejado. No começo era apenas uma forma de ganhar dinheiro fácil. Ensinar uma topeira ou outra a usar o Lotus123 era algo simples e rentável. Simples porque para um nerd como eu, bastou comprar um livro “Lotus123 Total”, perder 4 ou 5 horas lendo e perder outras 5 ou 6 horas ensinado duas dúzias de comandos /wcs /fs /wgp e ganhar uns trocados para comer uma pizza com um dois ou três canecos de chopp.

Depois a coisa começou a ficar mais estruturada. Fazer apostilas de introdução à informática, dos, qbaisc, lotus123, windows 3.1 e ensinar quinze ou vinte toupeiras a operar computadores, escrever arquivos .bat e programar em qbasic, além das macros em lotus123, passou a ser mais interessante que programar em Dataflex 2.3b num promissor estágio remunerado. Pedi a conta e fiquei só com as aulas, prenuncio de tempos futuros, mas nessa época eu ainda não sabia ler os sinais!

Uma consultoria aqui, uma assessoria ali, um cargo de chefia de CPD acolá e eu acabei na faculdade de Letras. Inglês era o objetivo, afinal literatura boa sobre informática nos anos 90 apenas em inglês. Mas dai veio o latim, o teatro, Shakespeare, Poe, a lingüistica e a didática… cai nas teias do magistério e pouco a pouco fui deixando as consultorias, o suporte técnico, o primeiro casamento e a certificação novell de lado, lecionar era um desafio. O instrutor de informática cresceu e virou educador, um salto qualitativo que ganhou fôlego nas leituras e nas muitas horas de estudo para saciar a sede de saber dos meus alunos de corredor, os melhores.

Já completamente emaranhado à sala de aula, voltei a ser aluno na filosofia. Paixão, a filosofia abriu novas possibilidades… uniu-se a computação, flertou com o universo quântico e enraizou-se no mestrado. Fez de mim mestre-multiuso-multifacetado-multiplicado. Fez de mim professor, educador, encantador, ilusionista.

Hoje não sei viver fora da sala de aula. O pó de giz é minha cocaína. O alvoroço pueril do ensino médio é meu combustível. A turbulência da universidade é meu combate. As pilhas de livros pela mesa são o meu sossego. As provas para corrigir são o meu tormento. O “olá mestre” do/a ex-aluno/a no corredor do shopping é meu conforto. A amizade dos rockers-alunos-parceiros é meu tesouro.

Sou professor, amo ser e morrerei sendo.

Pau para toda obra!

19.agosto.2009

No último mês tenho feito muitas coisas fora da minha rotina! Com a nova casa pronta, a mudança trouxe à tona necessidades que couberam ao distinto cidadão aqui.

Desmontei torneiras, desentupi canos, puxei toda a fiação telefônica, instalei a antena de TV… tudo isso regado a xingos e maldições. Minhas duas semanas finais de férias foram um misto de encanador, pedreiro, tapeceiro, eletricista e sabe-se mais o que!

Voltam as aulas e lá estou eu novamente envolto com 10 disciplinas diferentes e diametralmente opostas no que tange aos conteúdos e áreas do conhecimento. Sim, eu sou multiprotocolo, academicamente falando!

Após uma breve apresentação do meu currículo e das minhas atividades acadêmicas, um aluno perguntou: “E quando o Sr. dorme?” A classe riu. Ontem cheguei em casa às 22h50 depois de 4 aulas sobre Hardware e fiquei até 1h10 preparando o conteúdos de aula das outras 9 disciplinas. 6h00 já estava em pé novamente…

Eu preciso sair dessa vida promiscua de lecionar tudo o que eu sei. Eu gosto, faz meus neurônios terem orgasmos múltiplos, mas às vezes penso que seria tão bom lecionar sobre um único tema. Seria mais fácil profissionalmente falando, mas a verdade é que mesmo assim eu continuaria “estudando” tudo aquilo que me interessa… dar aula é reflexo, e não o propósito, do meu empenho em explorar o vasto universo do conhecimento humano.

Eu adoro a sala de aula e o contato com as mentes inquietas dos meus alunos (pelo menos de uma meia dúzia deles) mas quem sabe um dia eu não largo tudo, abro um buteco e coloco meu conhecimentos a serviço as conversas despretensiosas dos bêbados! É uma possibilidade… até lá, continuo na acadêmia, no templo do saber, no centro da produção do (ahahaha) conhecimento da (ahauhauha) humanidade.

É isso ai gente!

Beijo-me-liga!

sentido da vida

06.fevereiro.2009

Ocasionalmente me pego em questionamentos típicos, pelo menos penso que sejam típicos nas outras pessoas também, como qual o sentido de tudo isso? E, por tudo isso, quero dizer a vida em si.

Na maior pate do tempo acredito que eu esteja no comando desta nau, mas… e sempre tem um mas, por vezes me parece que apenas sigo o sabor do vento ou as rotas das correntes oceânicas. Enfim, e sem metáforas (preciso parar de assistir House M.D.), as vezes me parece que não controlo nada nisso que chamamos vida.

Quando nos perguntamos qual o sentido da vida, talvez fosse melhor perguntar se ela precisa de um sentido. Eu já superei a necessidade dos mitos, assim, os caprichos divinos de algum deus, deusa ou deuses não me assombram. A vida é algo maior que as fantasias que os homens criam para explicá-la e não vejo a menor necessidade de delegar aquilo que eu não compreendo a uma entidade imaginária (e se o fosse fazer, escolheria algo mais divertido que um deus barbudo e rabugento que clama por atenção, talvez o Garfield seja mais legal para esse propósito).

A necessidade de dar sentido às coisas, por vezes, beira ao absurdo. Hoje, ao passar por um corredor em um dos meus locias de trabalho, corredor este que termina um vão bastante baixo para o meu padrão de altura, um vão de cerca de 1,70m. Com meus 1,90m, sempre tenho que abaixar minha cabeça e curvar um pouco o tronco para passar por esse vão. Bom, eis que hoje ao fazer esse movimento de me abaixar, ouvi uma pessoa, que vinha atrás de mim, dizer: “deus sempre dá um jeito de nos fazer curva diante dele”… Juro, eu repirei fundo, contei até 5, e continuei andando sem dar atenção ao estapafúrdio comentário. Mas isso ficou na minha cabeça…

Oras, um suposto deus precisou, de alguma forma, que houvesse um vão de porta menor que a minha estatura para que eu me curvasse?! E, ainda supostamente, ele deveria estar lá à espreita, para me ver fazer isso e, na sua santa megalomania, crer que eu me curvei “para ele”? Rapaz, a necessidade de dar sentido às coisas na mente de pessoas como a dona do brilhante comentário me espanta. Imaginar que a arquitetura do edifício todo foi orientado para que os que passam por aquele corredor “curven-se ao todo poderoso deus” é um sacrossanto chute-no-saco. Sem contar que, esse estratagema divino isenta da “curvatura” os de estarura abaixo dos 1,70m! Vá entender…

Voltemos ao sentido da vida, ou a sua falta de… eu dizia que em alguns momentos, penso que não tenho o controle, na verdade, é mais uma ausência de controle deliberada, algo do tipo “que vá… veremos no que dá!” Assim, não se trata de uma impotência frente à vida, mas um displicência em relação a ela. Ei, displicência é um bom termo, mas creio que o que eu quero dizer é que certas vezes, me sinto não levando a vida muito a sério.

Quando atribuímos à vida um sentido categórico, viver se torna um fardo. Se não atribuímos sentido algum, viver se torna desnecessário, e não é disto que eu estou falando. Não creio que a vida não mereça ser vivida, apenas penso que, dentre as formas de vivê-la, aquela que não espera dela grandes significados é a que, no final das contas, te dá maior satisfação (mas não o seu dinheiro de volta!)

Esperar grandes significados da vida é sofrer. Eu não estou neste mundo para ser um messias, herói ou o salvador da pátria. Não espero salvar as baleias ou a camada de ozônio. A vida flui apesar de tudo. Não estou aqui dizendo que devemos então matar baleias ou usar CFC até o planeta virar um microondas… só creio que não exista um propósito maior na vida humana que o dos extintos dinossauros. É triste, mas apesar do inúmeros sentidos que possamos dar à vida, um belo dia ela acaba e “babau”, já era.

Simples demais? Pode ser, mas eu vivo bem assim.

um post sobre nada em específico…

25.novembro.2008

Ainda é novembro e os enfeites natalinos já começam a aparecer, indícios de que mais um ano finda. O tempo é algo, por natureza, filosoficamente intrigante. Não é fácil definir o tempo e eu não vou tentar fazê-lo aqui. Hoje eu quero falar sobre nada em específico!

Twitter, coisinha paradoxalmente mais inútil e útil que há no momento. Eu viveria muito bem sem ele, mas já que ele existe, por que não usar? Armadilha do sistema… essa pretensa liberdade de escolha esconde os grilhões da caverna digital…

Estética. Preciso perder peso… pela saúde. Mas ao perdê-los, serei acusado de o tê-lo feito pela estética. Preciso malhar, pois o tempo, aquele carinha do primeiro parágrafo, anda a me cansar… subir escadas, meu exercício diário e intríseco a infraestrutura dos meus loci laborali, anda a castigar minha musculatura genuflexora. O sistema disse que eu preciso de exercícios, assim meus senhores feudais não precisam arcar com encargos trabalhistas…

Rock and Roll. Ando velho para o novo. O rock atual não me apetece, prefiro o cheiro de nafitalina das cantigas barulhentas da minha tenra adolescência. O pouco de novo que ouço, o faço pela pitada de velho que neles se põe…

Dexter é o máximo. Começo a simpatizar-me com pensamentos psicopáticos. A complexidade da mente de um assassino, contido por um código de conduta, não deixa de ser apaixonante. Moralmente ninguém há de admitir tal interesse, mas não somos todos, em algum nível, imorais? Eis a beleza da filosofia, posso especular a morte, o assassínio, a psicopatia sem dilemas morais. Não desejo matar outro ser humano, mas entender esse ato para além dos ditâmes do sistema espeta minha mente!

Projetos. Se há um segredo a ser desvelado sobre a vida, isso é algo que tem haver com projetos. Sem projetos, sem vida. Desde coisas bobas como um churras no sítio do Gustavo aos planos para o doutoramento, projetos são a essência da vida. Uma vida sem projetos é uma vida oca…

Diplomacia. Relacionamentos são a arte da diplomacia, isso basta para este parágrafo.

Tolerância zero. Ando intolerante com meus alunos e alunas. Bando de vagabundos, querem fazer da lei do mínimo esforço a única lei. Eu sei, vítimas do sistema, e olha que eu sou parte desse sistema. No despraiado, levei meu físico aos limites da falência multipla de órgãos. Nas salas de aula, aplico o método Conan-MacGiver-Rambo-Copinho-de-folha-de-bananeira, pois a vida não é para os fracos! Mas semestre que vem serei bonzinnho, senão o sistema me ejeta e, como diriam as velhas virgens, eu não preciso de muito dinheiro, mas eu preciso muito de dinheiro pra torrar…

Este parágrafo finaliza este post. Até mais!

Suicídio digital

28.outubro.2008

As tecnologias da informação transformaram de forma substancial a vida das pessoas. O avanço tecnológico promoveu a interatividade a um novo patamar. Hoje contamos com celulares, emails, blogs, sites de relacionamento e uma infinidade de coisinhas novas aparecem a cada dia.

No Brasil, há cerca de 15 milhões de usuários da internet. Nos EUA são 153 milhões e na China 86 milhões. Ao todo, somos 747 milhões ao redor do globo. Números bonitos que revelam que a internet é para poucos. E para aqueles que preferem de dizer que o “copo está meio cheio”, à merda.

Menos de 15% da população mundial tem acesso à internet. No Brasil, menos de 10% surfam nas ondas da internet. Tecnologias da informação? Ilusão… mais de 5 bilhões de pessoas no planeta vivem suas vidas ignorando a grande rede. Em terras tupiniquins, cerca de 165 milhões de pessoas até sabem que a tal internet existe… assim como também sabem que Ferraris existem! E dai?

Sou um privilegiado. Estou on-line desde os bons tempos do video-texto. Este apelido “EdMort” (EdMorte, com “e” na verdade, mas algum FDP cadastrou ele antes no wordpress!) surgiu num terninal de video-texto no aeroporto de Congonhas em 1988!

Mas confesso, ando com o saco cheio de tudo isso… às vezes penso em suicídio. Calma, suicídio digital!

Por que eu preciso de Orkut, email, msn, twitter, blog e o que mais vier? Seria o fim do mundo se, ao me perguntarem meu email, eu respondesse: não tenho! 165 milhões de brasileiros não tem! 5 bilhões de seres humanos não tem email. Há algo de muito errado nisso, diriam uns, temos que dar emails e acesso a internet a todos! Inclusão digital! Será?

Eu penso em matar o meu eu digital! Deletar orkut, emails, msn, twitter, blog… jogar fora o celular e manter o bom e velho telefone fixo, aquele de disco…

Assim, se algum dia você perceber que o meu eu digital sumiu, não se assuste… estarei em casa, tomando uma cerveja e terei outra na geladeira a sua espera!

🙂

Gotas de existencialismo…

21.outubro.2008

Eloá, quanta comoção! Como explicar o sentido de tamanha tragédia? Minha opinião? Nada. Não há o quê explicar… nós, humanos ridículos limitados e que só usam dez porcento de suas cabeças animais, é que damos sentido às coisas. O sentido não existe para fora de nossas mentes. Assim, nossas mentes mentem para forjar um sentido. Mas a verdade é que morremos. Em alguns casos, de forma muito besta, como uma amigo de colégio que caiu da bicicleta ao desviar de uma velhinha, bateu a cabeça na guia e morreu. Puta morte besta, pensei eu naquela época. Outras vezes, morre-se tragicamente, seja num tissunami, num acidente de avião, seja num assassinato… qual o sentido disso? Nenhum. Como diz o dito estadounidense: shits happens!

Mas a massa precisa do ópio. É necessário fazer sentido… e cada um dá o sentido que mais lhe faz sentido! Foi vontade de Deus. Destino, estava escrito no mapa astral. Karma… podemos inventar o sentido que for, mas no fundo, nada explica o porquê de coisas como essas.

Se Eloá tivesse morrido ao cair da bicicleta, como meu amigo, ela continuaria a ser a ilustre desconhecida que foi durante 15 anos… mas ainda assim, sua morte continuaria sem sentido. Uma puta morte besta!

É, eu sei. É duro viver sem dar sentido às coisas. Eu mesmo não abro mão a esse entorpecente mental, apenas busco o sentido em outras searas… a diferenças, talvez, é que eu minto a mim mesmo consciente. O sentido que eu dou para o que não faz sentido para mim é um placebo. Funciona na maior parte das vezes… mas no fundo, não me iludo. Não faz sentido.

Ó mundo, vasto mundo…

23.setembro.2008

(Senta, que o texto é longo!)

Vejo nos noticiários que uma das duas das maiores instituições financeiras dos EUA, prestes a quebrar por má gestão financeira, recebe milhões de dólares do governo norte-americano numa “operação de salvamento”. Bom… e todo aquela papo neo-liberal de “estado mínimo”, de não-intervenção do Estado nas atividades do Mercado? Ou seja, regular o Mercado o Estado não pode, mas salvá-lo da banca-rota com dinheiro público pode! Humm…

O velho Marx sonhou com um mundo diferente. E, deixando de lado as más interpretações de sua obra, tais como a deturpação dos conceitos de Socialismo e Comunismo, proferidos sempre por pessoas que, na sua grande maioria, jamais leram Marx, mas que enchem a boca para dizer barbaridades. A verdade é que o velho Marx sabia das coisas. Viu no sistema capitalista mais que uma mera análise do modo de produção que emergiu da burguesia, em oposição ao sistema feudal, e que se consolidou na modernidade. Marx viu que, desculpem o baixo calão, “ia dar merda”.

Ok. Somos capitalistas. Não há remédio. Não há alternativa. E, daqui em diante, abro mão do estilo acadêmico, FODEMOS o planeta, e cada um de seus habitantes, a cada segundo. Não tem outro jeito.

A fórmula é simples: para um ter ganhar, muitos tem que perder. Para que seja possível uma fortuna pessoal como a do Bill Gates, milhões precisam morrer de fome, afinal de contas, dinheiro é finito. Se um acumula muito aqui, muitos ficam sem ali. Isso é capitalismo.

Até aqui, nenhuma novidade. E eu me pergunto: e o kiko?

Pessoas morrem de fome todos os dias em algum lugar do planeta. Faz parte do sistema. Eu trabalho feito uma mula de carga (pura metáfora capitalista, mais moleza que o meu trabalho, só testador de colchão), ganho meus trocados e consumo tudo aquilo que o sistema me empurra. Que me importa que uns pobres coitados morram de fome. Como diria o Abreu, antes eles do que eu!

Sim, somos individualistas. Na hora do pega-pra-capar, não existe família, amigos nem o caralho-a-quatro, é cada um por si e se foda o resto. Por que eu vou perder pra outro ganhar? Ganho eu!

O planeta está uma bosta? Poluição, efeito-estufa, desmatamento? Foda-se, eu quero meu iPod, meu iPhone, meu MacBook Air. Custe o que custar, eu quero é ter tudo o que o sistema podem me oferecer (ou o que o meu salário pode comprar)…

Vamos lá. Admita: você até tem dó das baleias, dos golfinhos e das criancinhas cadavéricas de Biafra, mas no fundo você só se preocupa mesmo com uma coisa: o seu rabo!

É, tá certo! Todo mundo é assim, por que você e eu seriamos diferentes? Que culpa temos nós? Foda-se quem não tem acesso à internet. Inclusão digital uma ova! Isso só serve para congestionar os links e colocar um monte de lammers onde nunca deveriam estar. Fora da nossa rede seus animais!

Quanto mais capitalista, melhor. Mais produtos legais. Traquitanas tecnológicas que reforçam a idéia que eu devo consumir tudo, mesmo que o meu salário não baste, empreste do banco, pague juros, perca a casa, foda-se, mas compre.

Afinal, qual o problema disso? Tá, o mundo vai acabar, o planeta vai superaquecer e fuder com todo mundo. Grande bosta, provavelmente isso acontecerá depois que eu morrer. Porque certamente eu vou morrer antes que o mundo acabe. De câncer. Afinal, comendo tanta merda industrializada, tanta merda com agrotóxicos, tanta merda com merda que o sistema injeta, só dá pra vislumbrar a morte mesmo.

Ó mundo, vasto mundo… não há solução. Te venderam promessas de salvação e um paraíso? Se fodeu! Deus é um shopping-center e o paraíso é um carnê das casas Bahia!

Ó mundo, vasto mundo… estamos fudidos… só aguardando o fim. Mas até lá, vamos trocar de celular, de notebook, comer muita batata-frita, beber muita cerveja, gastar mais do que ganhamos, e continuar nos lixando para os excluídos!

Essa é a verdade mundo, vasto mundo…mas o duro mesmo… é quando a água bate no saco!

(até aqui o autor já perdera a sanidade… daqui em diante não hã… opa perai, foda-se… blaft! )

Eu preciso de uma cerveja… gelada. Foda-se a garganta inflamada. Vamos brindar o sistema que nos faz cagar e andar para tudo e para todos! Vamos glorificar nossa bestialidade humana nos entupindo de lúpulo e cevada fermentadas, o néctar dos deuses nórdicos, tradição milenar da antigüidade que hoje é apenas um produto. Uma coisa que a gente compra no supermercado. Coisa assim como tudo mais. Coisas… coisas… compre… consuma… gaste…

Caro leitor, se você chegou até aqui, bata palmas! Se você concorda com o que eu disse, bata palmas. Se não concorda, bata palmas. Se você bateu palmas, vá se tratar, você está pior do que eu…

Clap-Clap-Clap…