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Heisenberg nosso de cada dia…

10.junho.2010

Werner Heisenberg, físico alemão, formulou o princípio da incerteza, uma das grandes contribuições para o desenvolvimento mecânica quântica no início do século XX.

De forma muito simplificada, o princípio afirma que não é possível medir simultaneamente a posição e a velocidade de uma partícula. Quando se mede um, perde-se a precisão da medida do outro. Dai a incerteza. Apesar de ser um entusiasta da física teórica, a física acaba aqui.

Deslocamentos são práticas comuns na filosofia… se deslocarmos a incerteza inerente ao princípio formulado por Heisenberg das partículas para nossas vidinhas cotidianas, veremos que também somos regidos pela incerteza.

Apesar de algumas pessoas confiarem dogmaticamente nos desígineos de uma ou outra divindade qualquer, acreditando que tudo está traçado e definido, a verdade é que não temos certeza de nada!

David Hume, um grande amigo meu, na sua epistemologia dizia que confiamos que certas coisas tornarão a acontecer mais por força do hábito que pela certeza (ou decorrência lógica). Trocando em miúdos, o fato do sol ter nascido todas manhãs nos últimos 37 anos não me dá base epistemológica nenhuma para afirmar com 100% certeza que o mesmo ocorrerá amanhã.

Hume usa o exemplo das bolas de bilhar. Prevemos a trajetória de uma bola que recebe o impacto de outra simplesmente porque vimos isso acontecer antes, mas fosse o caso de nunca termos presenciado um jogo de bilhar, não poderíamos afirmar que o impacto de uma bola sobre a outra produziria movimento .

É o hábito que nos dá a sensação de certeza. Vejam Desmond Hume, personagem de LOST. Ele ficava digitando sequências numéricas em um Apple II a cada intervalo de 109 minutos, sob o risco de explodir a ilha caso não o fizesse. A semelhança de um Hume com o outro não é coincidência, menos ainda a de um certo Locke colocar Hume (o da ilha) em dúvida.

Ok,   acordamos hoje. Qual a certeza de acordarmos amanhã cedo? Nenhuma. Esperança talvez. Certeza, só com base na fé, que ainda assim, vem do hábito. Hume é foda! Heisenberg idem.

Sei que viver na corda bamba é difícil. Nada como a boa e velha segurança de que tudo vai seguir como sempre seguiu… balela! Wake-up Neo!!!

A vida é incerta quântica e filosoficamente falando. O hábito nos conforta e, quando desestabilizado pelo acaso, nos aflige. Saber disso não torna a vida mais fácil, mas menos misteriosa.

A única certeza é que tudo é incerto. Acostume-se a isso!

🙂