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Quão poderosos nós somos?

27.julho.2011

É, eu sei… você anda meio abandonado! Culpa do twitter… ideias surgem, viram 140 caracteres e desaparecem antes que eu consiga fazer o login em você! Talvez seja culpa do doutorado. Cada vez que penso em escrever sobre alguma bobagem qualquer, me bate um sentimento de perda de tempo… afinal o doutorado é (?) mais importante. No fundo, mea culpa, a culpa é minha, sou um ser humano! Mas hoje eu vim aqui me redimir… querido blog.

Fui provocado pelo meu irmão a escrever sobre How powerful are we?

É, veio assim mesmo, em inglês. Quão poderosos nós somos? Bom, eu sou um pessimista moderado e talvez eu comece dizendo que não, não somos! Mas não vou me precipitar. Cartesianamente, vamos dividir essa questão em partes: O que é ser poderoso? Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, editado pela Academia Brasileira de Letras, poderoso pode significar

  1. adj., que tem poder de exercer domínio sobre alguém ou sobre alguma coisa;
  2. adj., que tem grande vigor;
  3. ad., que tem efeito intenso;
  4. s.m., pessoa que tem poder ou domínio sobre os outros;
  5. s.m. pl., aqueles que, numa sociedade, detêm o poder.

Vemos que nos casos 1, 4 e 5, poderoso está associado às relações poder entre pessoas e/ou coisas. Já nos casos 2 e 3 poder está associado a forças ou energias próprias. Assim, retomando a questão inicial, no sentido semântico, podemos dizer com certeza que sim, somos poderosos. Todos nós, em algum nível, exercemos poder ou domínio sobre outras pessoas ou coisas. Relações familiares, amizades, círculos sociais, trabalho, escola etc. Todos exemplos de esferas nas quais o poder se manifesta e nas quais somos, em alguma medida, poderosos. A vida em sociedade é um arranjo de poderes e, nesse sentido, enquanto seres sociais, somos poderosos. A questão fulcral, o quão poderosos somos?, encontra sua resposta em múltiplas dimensões, vejamos:

  • financeira: mais poderoso quanto mais rico;
  • sexista: homens são mais poderoso que mulheres, heterossexuais mais poderosos que homossexuais etc.;
  • educacional: mais poderosos quanto maior a escolaridade;
  • racial: mais poderosos quanto mais clara a pele;
  • estética: magros mais poderosos que gordos;
  • etc.

Na dimensão social de nossas vidas, fica claro que somos poderosos. O quão poderosos nós somos depende de circunstâncias e dos padrões que a própria sociedade, dinamicamente, estabelece. Mas você deve se lembrar que eu sou um pessimista moderado. Poder é ilusório. Transitório talvez seja um termo melhor, poder é transitório. Ser poderoso é nossa forma de sobreviver.

Metafisicamente falando, há quem acredite em um poder superior, um todo-poderoso. Nada mais simples, afinal se somos seres sociais condicionados a relações de poder, quando entramos no terreno da metafísica, esperamos que exista a mesma relação de poder e dominação naquilo que nos precede. E aqui surge uma faceta intrigante do poder. Estar sob o poder de outrém pode ser, pasme, poderoso.

Poderoso no sentido de do caso 3, pois a submissão tem um efeito poderoso sobre as pessoas. Sim, a submissão é poderosa. Submetemo-nos ao poder de outros muitas vezes pela segurança. Lembre-se que eu disse que ser poderoso é uma forma de sobreviver, mas é uma forma coletiva de sobreviver. É na relação poderoso-submisso que se encontra a sobrevivência. O que me conduz a minha afirmação-negação inicial: não, não somos poderosos. Estatisticamente falando, somos majoritariamente submissos à sociedade, à tecnologia, às divindades, à ciência… uma meia dúzia têm o poder, estão no topo. Mas ainda assim, essa meia dúzia de poderosos vive na ilusão.

Não somos poderosos, somos medrosos. O medo, esse sim, nos leva a dominar ou ser dominados. Simples. Medo da morte. Medo do fim. Medo do desconhecido. É o medo o motor da evolução do ser humano. Um reles organismo microscópico pode nos levar à morte, contra ele inventamos o poder da ciência, da medicina. Uma chuva torrencial pode causar inúmeras mortes, contra ela inventamos deuses e planos divinos. Escolher por onde ir, o que comer, onde dormir pode nos levar a morte num penhasco, numa erva venenosa, numa cova de ursos… e contra tudo isso inventamos os lideres, deixamos que eles escolham.

Quão poderosos nos somos? Zero. Somos pó de estrelas e pó de estrelas seremos!

😉

Edmorte!