Parece que foi ontem! Eu tinha meus 6 ou 7 anos e brincava de ser o Ultraman no pátio da escola. Naquele tempo eu não pensava no futuro. Não num futuro distante, no máximo, no fim de semana. E a vida passa… quando você percebe, 40 anos se foram. Parece que foi ontem… minha memória já não me permite o acesso a fatos mais primordiais. Me lembro de pouca coisa antes dos 6 ou 7 anos, um flash ou outro, mas por auxílio de fotos e histórias contadas pela família que pelos meus próprios neurônios. Talves esse seja um dos reflexos dos 40!
Que diferença substancial existe entre a passagem dos 39 aos 40? Nenhuma, mera contabilização do tempo, coisa pra lá de relativa. Mas somos seres marcados por fatos e uma nova década de existência é um desses fatos da vida. Nada vai mudar do dia 28 para o dia 29, a não ser que haja um apocalipse zumbi, o certo é que o eu que aqui digita estas bem diagramadas linhas e o eu do dia 29 são a mesma pessoa, salvo um ou outro fio de cabelo por cair, salvo uma ou outra célula morta descartada ao longo do banho. Mas marco é marco e as pessoas vão dizer: é, chegou aos 40.
Pois é… 40, mas num corpinho de 39! Levemente abaulado na região abdominal, com os cabelos majoritariamente na cor original, embora a legião alva insista em ganhar terreno. Os sinais do tempo não me poupam, eles não poupam ninguém, nem mesmo os que tentam escamoteá-los nas plásticas, químicas e similares. E eu não costumo me preocupar com isso, deixemos a natureza seguir seu curso. E por falar em natureza, não escaparei à crueldade da natureza humana, formalizada nas piadas infames sobre uma das decorrências dos 40, o tal do exame de próstata, assunto este que será deliberadamente ignorado nas linhas que se seguem.
Estivéssemos na Idade Média, eu já seria um idoso. Chegar vivo e saudável aos 40 anos em tempos medievos era tarefa quase impossível. Mas em tempos modernos, vivemos mais. Viva a ciência e a tecnologia, que nos deu maior qualidade de vida. Mas nem tudo são flores, sem discorrer sobre o extremo da bomba atômica e outras mazelas que a mesma ciência e tecnologia nos proporcionou, o fato é que chego aos 40 trabalhando mais e fruindo menos! (Sim, é fruindo mesmo, de fruir, joga no Google). Chego aos 40 pagando mais imposto de renda, gastando mais tempo nas responsabilidades que a experiência nos brinda. Mas nem tudo são pedras, chego aos 40 ganhando mais que aos 30.
Chego aos 40 com algumas cicatrizes, muitos erros, alguns acertos e a certeza de que nada é certo, exceto a morte, cuja perspectiva eu gostaria de manter distante por mais 40 anos. Chego aos 40 mais calmo mas não menos inconformado que na adolescência com este “mundão véio sem porteira”. Aprendi a direcionar minha incompreensão, ora na filosofia, ora na educação, ora na cerveja. Cada uma em sua dimensão e benefícios próprios, a filosofia, o magistério e a cerveja me permitem fazer um uso criativo, libertário e transformador das minhas angústias com este mundo, vasto mundo. A filosofia me trouxe conhecimento, auspícios de sabedoria. A educação me permite pensar o novo, plantar sementes, espetar mentes. E a cerveja, ah… A cerveja é o catalisador da nossa experiência social. E é num gole desta mistura de maltes, lúpulos, leveduras e água que eu fermento minhas ideias, engarrafo pensamentos e degusto-os com aqueles e aquelas que me são queridos.
Chego aos 40 amando intensamente esta mulher que, ainda bem longe dos 40, divide comigo a alma e, dizem os teólogos e também os poetas, que as almas não têm idade 😉
Enfim, chega de chegar aos 40. Deixemos um pouco para os 50, 60, 70 e, quiçá, 80…
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De repente… 40!
27.março.2013Tempo!
26.fevereiro.2012Tempo, essa incógnita!
A Física te explica, mas não te dá significado.
A vã filosofia sabe de ti e não sabe de ti, ao mesmo tempo!
Tempo!
Tempo que dura, que flui, que passa, que não passa…
Duas horas na sala de aula, duas horas nos braços da mulher amada,
Duas horas nunca são o mesmo tempo nem ao mesmo tempo.
Tempo, rio que não se atravessa duas vezes.
Tempo, aquele eterno intervalo espacial entre momentos
Momentos em que esqueço do tempo…
Boa noite 😉