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Insônia

01.fevereiro.2012

“Tem dias que a gente se sente um pouco, talvez, menos gente…”, essa introdução de uma música do Raul Seixas me vem à cabeça neste momento que resolvi dar uma atenção a este esquecido blog… Mas não era de música que eu queria falar…

Perdi o sono. Evento raro nesta minha existência. O silêncio da madrugada nos convida a pensar… Coisa de filósofo, coisa de gente… as ideias rodopiam na cabeça… a maldita tese de doutorado, empacada na encruzilhada de outros tantos eventos que se justapõem aleatoriamente a si mesmos… o alívio da alforria de sentimentos e angústias que me assolavam à alma… a reunião de daqui cinco horas ocorrerá, momento em que este sono que falta agora virá com a fúria de mil e uma noites mal dormidas…

Hoje eu disse algo ao meu irmão, depois repeti aos meus amigos, os rockers, algo que imortalizo nas tramas binárias deste sombra digital-virtual do que sou: estou feliz.

Até a próxima insônia!

Entre o azul e o vermelho

15.abril.2010

Talvez uma das grandes questões em aberto na humanidade seja: o que é a realidade?

Muito se discutiu, se discute e se discutirá a respeito dessa curta indagação. Filósofos, pensadores, intelectuais, músicos e mesmo o matuto sentado a beira do caminho, mascando o talo de um capim qualquer ou a lavadeira que beira o ribeirão a clarear lençóis, todos, em algum momento ou outro, já se puseram a pensar sobre a natureza da realidade. É certo que o fazem por métodos diferentes, seja a filosofia, a mecânica quântica ou a vivência empírica o método utilizado, sempre se pode refletir, filosofar, teorizar ou, simplesmente, matutar a cerca da realidade.

O que é tudo isso? De onde?, para onde? e, mas incompreensível ainda, para que? são as modalidades de questionamento que povoam corações e mentes. A busca de propósitos, significados, justificativas para a realidade é o cerne de uma das mais cruéis demandas da humanidade. A experiência racional ou empírica da vida nos conduz a necessidade de entendimento. Meu grande amigo Aristóteles, certa vez, me disse que todo homem, por natureza, deseja conhecer. Tentamos conhecer, compreender, entender, decifrar, explicar, significar nossa existência. Isso, o questionamento, não ocorre a todo momento, mas eventualmente ocorre e, quando ocorre, caímos no “buraco fundo” da cantiga de roda.

Hoje é Domingo
Pede cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraca
Cai no buraco
Buraco é fundo
Acabou-se o mundo

“Gente é fraca, cai no buraco / Buraco é fundo, acabou-se o mundo”. Aprendi essa cantiga quando criança. Não me lembro se com meus pais, avós ou professoras. O fato é que nada mais preciso para definir nossa relação com o entendimento sobre a realidade. Não questionar, não preocupar-se ou, simplesmente, ignorar a angústia que a existência nos acomete é uma opção. Vez ou outra somos levados à beira do buraco da dúvida e, frequentemente, tomamos as inúmeras pílulas azuis que nos remetem a normalidade e a aceitação de que tudo anda bem, são elas que nos afastam do buraco, vitaminando nosso espírito, dando-nos força e sustentando o mundo. A pílula azul nos vem nas mais variadas formas e não vou discuti-las aqui, afinal quem as consome com frequência, geralmente não está disposto a reconhecer seu vício e, menos ainda, a debatê-lo. Isso posto, vamos em frente.

Somos fracos. Gente é fraca. Somos pó. Do pó viemos e ao pó voltaremos, mas pó de estrelas. Somos nada. Essa fraqueza existencial que nos arremessa ao buraco da dúvida é a condição humana. Cair no buraco é aceitar a pílula vermelha e, com ela, acaba-se o mundo, a normalidade, o certo, o ideológico, afinal “tudo que é sólido se desmancha no ar”. Nossa fraqueza é nossa maior qualidade. Fraqueza que se mostra no princípio da incerteza. Fraqueza que está longe de ser covardia ou qualquer outro sinônimo de incapacidade. Forte, sólido, é aquele que não se move, não muda, que não é fraco. A fraqueza é mobilidade. A realidade é frágil, ainda bem!

Acabou-se o mundo. Com isso acaba-se a cantiga. Perceber a fragilidade da realidade é um acabar-se o mundo sólido, forte e de contornos bem definidos, que nos dá segurança, confiança e até um certo conforto… desde que se tenha à mão uma pilulazinha azul. Sem ela, o mundo entra em colapso e precisa ser reinventado, resignificado, reconstruído a todo momento, na dança frenética de Shiva.

Diferente da azul, a pilula vermelha é mutante, frágil como a mesma realidade nela contida. Nunca está disponível na mesma forma. Nunca se encontra no mesmo lugar. Efêmera e transitória, a pilula vermelha exige uma constante perseguição. Se na cantiga de roda o mundo se acaba no buraco (de minhoca) sem fundo, cada buraco é uma porta para um novo universo, uma nova realidade e uma nova oferta de pilulas… escolha a sua e boa viagem!

um post sobre nada em específico…

25.novembro.2008

Ainda é novembro e os enfeites natalinos já começam a aparecer, indícios de que mais um ano finda. O tempo é algo, por natureza, filosoficamente intrigante. Não é fácil definir o tempo e eu não vou tentar fazê-lo aqui. Hoje eu quero falar sobre nada em específico!

Twitter, coisinha paradoxalmente mais inútil e útil que há no momento. Eu viveria muito bem sem ele, mas já que ele existe, por que não usar? Armadilha do sistema… essa pretensa liberdade de escolha esconde os grilhões da caverna digital…

Estética. Preciso perder peso… pela saúde. Mas ao perdê-los, serei acusado de o tê-lo feito pela estética. Preciso malhar, pois o tempo, aquele carinha do primeiro parágrafo, anda a me cansar… subir escadas, meu exercício diário e intríseco a infraestrutura dos meus loci laborali, anda a castigar minha musculatura genuflexora. O sistema disse que eu preciso de exercícios, assim meus senhores feudais não precisam arcar com encargos trabalhistas…

Rock and Roll. Ando velho para o novo. O rock atual não me apetece, prefiro o cheiro de nafitalina das cantigas barulhentas da minha tenra adolescência. O pouco de novo que ouço, o faço pela pitada de velho que neles se põe…

Dexter é o máximo. Começo a simpatizar-me com pensamentos psicopáticos. A complexidade da mente de um assassino, contido por um código de conduta, não deixa de ser apaixonante. Moralmente ninguém há de admitir tal interesse, mas não somos todos, em algum nível, imorais? Eis a beleza da filosofia, posso especular a morte, o assassínio, a psicopatia sem dilemas morais. Não desejo matar outro ser humano, mas entender esse ato para além dos ditâmes do sistema espeta minha mente!

Projetos. Se há um segredo a ser desvelado sobre a vida, isso é algo que tem haver com projetos. Sem projetos, sem vida. Desde coisas bobas como um churras no sítio do Gustavo aos planos para o doutoramento, projetos são a essência da vida. Uma vida sem projetos é uma vida oca…

Diplomacia. Relacionamentos são a arte da diplomacia, isso basta para este parágrafo.

Tolerância zero. Ando intolerante com meus alunos e alunas. Bando de vagabundos, querem fazer da lei do mínimo esforço a única lei. Eu sei, vítimas do sistema, e olha que eu sou parte desse sistema. No despraiado, levei meu físico aos limites da falência multipla de órgãos. Nas salas de aula, aplico o método Conan-MacGiver-Rambo-Copinho-de-folha-de-bananeira, pois a vida não é para os fracos! Mas semestre que vem serei bonzinnho, senão o sistema me ejeta e, como diriam as velhas virgens, eu não preciso de muito dinheiro, mas eu preciso muito de dinheiro pra torrar…

Este parágrafo finaliza este post. Até mais!