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People are strange…

26.março.2014

Um dos filmes que eu mais gosto, não pela sua qualidade artística ou por qualquer outro rococó estético, mas pela época ao qual ele me remete, as minhas lembranças, é Lost Boys, que no Brasil ganhou o título de Garotos Perdidos.

É um filme sobre vampiros, numa época em que vampiros ainda não eram modinha e não brilhavam no sol. Eram vampiros old school, cujo único propósito era chupar o sangue alheio. Mas não é um filme só sobre vampiros… É um filme sobre pessoas. Pessoas estranhas… aliás, o título do post é o nome de uma das músicas da trilha sonora de Lost Boys: People Are Strange, que é do Doors, mas no filme tem a performance da banda Echo and the Bunnymen.

Pessoas são estranhas. Sim, sempre. No filme há a gangue de arruaceiros, há os nerds, o garotão descolado, o adolescente em busca de sua tribo, a mãe divorciada, o avô maluco… Todos pessoas estranhas, como eu e você.

Ao longo da minha vida, por conta da minha profissão, fiz contato com muita gente. Gente de todas as espécies. Gente boa, gente ruim, gente sã, gente insana, gente agradável, gente desagrável… e por ai vai. Na certa, você também conhece todo o tipo de gente.

No filme, uma família se muda para uma cidade costeira, que por alguma razão, é a morada de uma bando de vampiros. Obviamente os vampiros são a gangue de arruaceiros, porque nos anos 80, estereotipar as pessoas era palavra de ordem. Embora o visual glam dos vampiros, bem David Lee Roth ou Jon Bon Jovi nos tempos dos cabelos repicados e os collants coloridos, há um clima macho alfa dominante, a garota gostosinha é propriedade do grupo e vai ser disputada pelo jovem que acaba de chegar na cidade. Entre corridas de moto e desafios de coragem na linha do trem, ali se coloca uma das marcas do humano: a rivalidade.

No nosso dia a dia, rivalizamos com tudo. Das formas mais bestas e declaradas, como na pancadaria irracional das torcidas de futebol e, por quê não dizer, na própria imbecilidade do futebol, mas também nas micro relações cotidianas, naquelas mais sutis, como a escolha de um sapato para ir na balada, rivalizamos com tudo.

Mulheres são rivais mais declaradas. Mulheres se vestem para outras mulheres. Porque homem é tudo bicho primitivo, pouco importa a blusa, saia, salto alto, o que homem quer mesmo é a pele nua e suada no calor do vuco-vuco… Bom, mas isso é outra história, voltemos ao tema.

Pessoas são estranhas. Rivalizamos a todo momento e, entre rivais, tudo o que não é da minha prática, me é estranho. Montaigne matou a charada nos seus Ensaios. Conviver com as diferenças é, talvez, a maior dificuldade imposta à espécie humana. Não creio que um dia chegaremos a superar essa condição, sou um pessimista. Até lá, seguimos sendo… Estranhos.

Por hoje é só.