18h30. Andava pelas ruas sem prestar atenção ao caminho. Sua mente absorvia todos os estímulos, mas não se detinha em nada. As luzes dos postes e dos letreiros gradativamente tomavam o lugar do sol, que perdia sua intensidade no horizonte. O burburinho das vozes, do trânsito, dos passos apressados de tantos outros foram abafados pelo silêncio. Outra lágrima escapou-lhe, entretanto… pela primeira vez na vida, sentia-se livre… como um pássaro.
18h14. O celular tocou. Londres. Yes Sir. By the way, FUCK YOU! Yes… fuck all of you. Bye. Jogou o celular numa lixeira. Na seguinte, jogou a gravata. Noutra, a caixa de sapatos.
18h00. Parou em frente à pedinte. Solteira, três filhos, um doente. Precisava de remédios, não conseguia emprego. Deus lhe pague moço, deus lhe pague.
17h45. A última gaveta estava vazia agora. A caixa de sapatos transformara-se no esquife dos dez anos vividos ali. Umas poucas canetas, agendas de contatos, a foto da confraternização de 99. Os papéis não fez questão de levar. Dez anos de produção e em breve serão reciclados.
17h05. À merda! Fodam-se todos. Malditos miseráveis… o tremor das mãos eclodiu junto ao suor e a pálidez dos lábios. Uma lágrima desceu-lhe o rosto.
16h13. Eu? Demitido! Pareceu-lhe que o estômago fora socado violentamente. O chefe, no canto da sala, resumiu-se: Recolhas suas coisas.
15h05. Fechado! O sorriso não lhe cabia no rosto. Após 3 meses de árdua negociação, estava fechado. Eu sabia que você conseguiria. Ela beijou-lhe a testa e deixou cair outra lágrima.
13h15. Ligou para os Ingleses? O chefe andava impaciente. Conto com você! Não me desaponte campeão.
12h00. Podemos ir ao caribe. Ela sorriu, iremos então. Eu te amo. Ela deixou cair uma lágrima.
10h30. Cruzou com ela no corredor. Perdi a hora. Dormiu demais! Seu cabelo ainda úmido exalava o perfume do xampu. Seu olhar dizia que algo mais se perderia…
9h10. Hoje não. Ele não suportaria. Vista-se logo, estamos atrasados. Hoje sim, entendeu? Viu minha gravata?
8h00. Bom dia. Olá. Tudo bom? Bom dia. Tudo bom! Bom dia.
5h34. Acordou assustado. No sonho, voava. Sem asas, mas voava. Voava livre… como um pássaro.
09.dezembro.2007 às 12:15
sSe era sSua InTEnçÂo, esScaparam-me ALguMas lÁgRIMAs.
10.dezembro.2007 às 12:11
criação sua, sir?
curti.. deu pra viajar.. 🙂
10.dezembro.2007 às 12:49
Sim, minha criação!
Thanks!
10.dezembro.2007 às 15:54
Eu tenho medo de ter textos em ordem cronológica inversa ! :S ..huauhuauha